Dos salões dourados de um castelo à quietude de um convento, a Bem-aventurada Maria dos Apóstolos embarcou em uma jornada espiritual notável. Nascida com o nome Teresa von Wüllenweber, em uma família nobre alemã, Teresa era herdeira de uma vida de conforto. Contudo, sua vida foi marcada por privilégios, mas também pela piedade e uma sede insaciável pelo Divino agitava a sua alma.  

Cercada pelos confortos de seu lar ancestral, ela encontrou consolo na oração, seu coração se sentia atraído pelos mistérios do rosário. Por isso, Teresa costumava se retirar para uma pequena capela iluminada por velas que existia dentro do castelo em que morava com sua família. Lá, cercada pelos sussurros abafados de orações e pelo brilho luminoso dos vitrais representando os mistérios do rosário, ela sonhava com um mundo transformado pelo amor de Cristo, o Divino Salvador.

No entanto, Teresa ansiava por algo mais. Seu coração ansiava por ir além dos confins dourados de seu castelo e abraçar uma vida dedicada à missionariedade.

O despertar da chama apostólica

A jornada de Teresa para a realização espiritual começou a sério quando ela foi enviada para um internato na Bélgica, a fim de receber uma educação de acordo com a sua classe social.

Lá, ela recebeu uma formação cultural geral, mas também religiosa e doméstica. Aprendeu música, tocava piano muito bem, e diversas línguas, como francês, inglês, italiano.

E foi dentro deste internato que seu espírito apostólico se acendeu pela primeira vez. Foi neste ambiente sagrado que ela sentiu pela primeira vez o despertar de uma vocação, um chamado para uma vida consagrada a Deus em um convento.

No internato, ela descobriu um profundo amor pelo aprendizado e uma paixão por compartilhar sua fé com os outros. Então, ela iniciou com as Irmãs do internato a fundação da União das Filhas de Maria, uma associação muito importante na época, um trabalho que ajudou muito os jovens e as jovens a serem fiéis à Igreja.

Mas, ao concluir seus estudos, Teresa precisou voltar ao castelo da sua família. Contudo, ela continuou a buscar um significado mais profundo para a sua vida. Então, ela mergulhou cada vez mais em práticas espirituais, participando de retiros e missões conduzidos por padres jesuítas.

Suas palavras inspiradoras acenderam um fogo em seu coração, alimentando seu desejo de ir para um convento, se tornar uma missionária e espalhar as Boas Novas de Salvação para todos os cantos do mundo.

E em seu diário, Teresa escreveu: “Quando ouço falar de missões, sinto uma urgência real. Nunca antes senti tais emoções, tanto amor que nunca experimentei assim“.

Mas enquanto não foi para o convento, Teresa participou da sua paróquia, foi catequista, sendo que naquela época era raro uma mulher dar catequese.

Ela se decide pelo convento

À medida que sua jornada espiritual se aprofundava, Teresa sentiu uma atração irresistível em direção a uma consagração mais profunda a Deus. Desse modo, ela ansiava por deixar para trás os confortos de sua vida aristocrática e abraçar uma vida de simplicidade e auto-sacrifício em um convento.

Então, depois de muita oração e discernimento, Teresa se juntou a uma congregação religiosa, que tinha um carisma semelhante aos anseios que ela trazia em seu coração.  Sendo assim, esperou encontrar realização no apostolado educacional, na Holanda. No entanto, ela logo percebeu que seu coração ansiava por algo mais. Pois ser professora, apesar de reconhecer a importância dessa função, não era a missão que ela gostaria de desempenhar ao decidir-se pela vida num convento.  Ela logo percebeu que sua verdadeira vocação estaria em outro lugar.

Portanto, antes de fazer os votos perpétuos, ela discerniu com a sua Superiora que aquele não era o carisma que ela desejava viver. Então, Teresa deixou o convento e voltou mais uma vez para o castelo.  

Mas ela não ficou tranquila em casa, e continuou buscando outras congregações.

Um encontro que traçou sua vida

E foi durante esse período de busca que ela encontrou um jornal vindo de Roma, chamado “O Missionário”,  do Bem-Aventurado Francisco Jordan, um padre jovem e ousado que compartilhava sua paixão por missões.

O Bem-Aventurado Francisco Jordan havia estudado muitos idiomas porque ele queria que Jesus, o Divino Salvador, fosse conhecido em todas as línguas, em todos os países. Por isso, escrevia e imprimia o seu jornal em várias línguas e enviava para vários países. E ao ler aquele título, Teresa logo se encantou, acreditando que aquilo correspondia ao seu anseio missionário.

Intrigada pelos ideais do Bem-Aventurado Francisco Jordan, Teresa escreveu a ele, expressando seu desejo de colaborar em seu trabalho apostólico. E a correspondência deles floresceu em uma profunda amizade, após um encontro pessoal onde também aconteceu um encontro de sonhos e carismas.

Naquela ocasião, Teresa já tinha 49 anos. E ela  ficou muito feliz e entusiasmada com o Bem-Aventurado Francisco Jordan, que passou 3 dias com ela, conhecendo-a e se fazendo conhecer por ela, como também dando a conhecer sua obra que já estava acontecendo. E sobre este encontro Teresa escreveu dizendo: “ele me pareceu um santo”.

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Do castelo ao Convento

Teresa se identificou imediatamente com a obra e o carisma  do Bem-Aventurado Francisco Jordan. Por isso, fez um testamento doando parte de seus bens a ele em prol de suas obras.  E assim ela juntou-se à congregação nascente do Bem-Aventurado Francisco Jordan.

Teresa partiu definitivamente de casa, se entregou integralmente e esteve sempre atenta à vontade de Deus. Ela deixou sua vida no castelo para ter uma vida de despojamento e de abandono total em Deus.

Logo, no dia 5 de setembro de 1882, ela fez os votos privados como leiga salvatoriana, ingressando na Sociedade Apostólica Instrutiva, que foi o primeiro nome da obra do Bem-Aventurado Francisco Jordan.

E no dia 8 de dezembro de 1888, Teresa recebe o nome de Irmã Maria dos Apóstolos, nome que o Bem-Aventurado Francisco Jordan deu a ela.

Portanto, a partir daquele momento, ela passou a ajudar Bem-Aventurado Francisco Jordan a iniciar o ramo feminino da Congregação, as Irmãs do Divino Salvador. E sob orientação do Bem-Aventurado Francisco Jordan, Irmã Maria dos Apóstolos passou a dedicar sua vida a preparar as futuras missionárias.

A vida da Bem-Aventurada Maria dos Apóstolos foi um testamento do poder da fé e da natureza transformadora do amor divino. Ela trocou os confortos de um castelo pela simplicidade de um convento, escolhendo uma vida de serviço em vez de uma vida de facilidade.

E assim sua história continua a inspirar inúmeras pessoas, lembrando-nos de que mesmo aqueles que nasceram com privilégios podem responder ao chamado para uma vida espiritual mais profunda. Aliás, ela nos mostra que a verdadeira felicidade não é encontrada em posses terrenas ou status social, mas em um relacionamento profundo e duradouro com o Divino Salvador.

Conheça o carisma salvatoriano e seja um vocacionado: O bom Deus fará com que tudo dê certo!